Número de imigrantes quase triplica no RN em 12 anos

O número de estrangeiros que escolheram o Rio Grande do Norte como novo lar quase triplicou em pouco mais de uma década. Dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a população de imigrantes residentes no Estado passou de 1.753 pessoas em 2010 para 4.472 em 2022. Para a demografia, o movimente reflete não apenas mudanças nas rotas migratórias globais, mas também o papel que o RN tem desempenhado como destino de novos fluxos populacionais.
A origem desses imigrantes também mudou. Em 2000, os “estrangeiros potiguares” vinham principalmente de Angola, França e Estados Unidos. Enquanto em 2010 os principais grupos eram compostos por italianos, portugueses e espanhóis, no último censo os argentinos assumiram a liderança, seguidos pelos estadunidenses e venezuelanos. O Rio Grande do Norte passou a atrair perfis diversos de imigrantes, tanto aqueles que se encantam com o estilo de vida local quanto os que buscam refúgio de crises humanitárias.
A dinâmica potiguar segue um comportamento nacional, analisa o demógrafo Ricardo Ojima, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). “A migração internacional passou por muitas décadas não sendo tão importante para a dinâmica demográfica nacional e vem aumentando mais recentemente, então aqui também não tem essa tendência. A identificação do terceiro país como a Venezuela sendo a origem desses migrantes, tem a ver com esse movimento de problemas e crises humanitárias que acabam mudando a geopolítica internacional”.
Entre os argentinos que se fixaram no Estado está Elena Cilleruelo, de 54 anos, que vive com a família há 18 anos na Praia da Pipa, em Tibau do Sul. “Foi uma decisão em família. Viemos direto para morar, mesmo sem conhecer o lugar pessoalmente, só por fotos. A ideia era buscar um lugar mais tranquilo, longe da correria das grandes cidades como Buenos Aires, onde morávamos. Queríamos criar nossos filhos em um ambiente com mais contato com a natureza. Moramos na Praia da Pipa há 18 anos”, relata.
A história de Elena, que hoje trabalha como costureira, é um exemplo da migração por escolha, em busca de qualidade de vida. “O estilo de vida. A tranquilidade, a proximidade com a natureza e a possibilidade de viver de forma mais simples e presente foram fundamentais para decidirmos fincar raízes por aqui”, diz. No entanto, a conexão afetiva com o país de origem permanece. “Sinto falta dos afetos: da família, dos amigos, das longas conversas de domingo depois de um bom churrasco. E, claro, das comidas, doces e da enorme variedade de guloseimas argentinas”, lembra.
Crises provocam novos fluxos
Em contraste, há quem venha ao Rio Grande do Norte por motivos muito distintos. Edgar González, venezuelano de 29 anos, chegou ao RN em 2018 com a família para fugir de uma crise. “Nós viemos de lá da Venezuela em 2018, atravessamos até outro país. Nosso país é muito difícil para todos. Nossa aldeia, nossa comunidade é diferente. Já estava acabando escola, trabalho. Não conseguia receber Bolsa Família, como aqui. O governo nos deixava assim, como se estivesse abandonando a nossa comunidade. Por causa dessa situação nos mudamos de lá”.
Fonte: Portal Tribuna do Norte
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