segunda-feira, março 24, 2025
Rio Grande do Norte

Pesquisa do ISD publicada em periódico internacional aprofunda conhecimentos sobre relação entre a retina, o cérebro e o ritmo biológico


A comunicação entre a retina e o cérebro é um dos fatores responsáveis pela transformação da luz em objeto, permitindo que o nosso sistema nervoso analise e interprete informações visuais, formando imagens a partir de estímulos luminosos. No entanto, essa não é a única função da relação entre os olhos e o cérebro.

A recepção de estímulos luminosos no cérebro por meio das projeções de retina resulta não apenas na formação de imagens, mas também é responsável por regular aspectos inerentes aos hábitos e ao funcionamento biológico de diversos seres vivos. Isso faz parte do que é chamado de ritmo biológico, que em mamíferos envolve aspectos como a predisposição para desempenho de atividades, a regulação do metabolismo e o sono.

É o que reforça uma pesquisa realizada em Macaíba, no Rio Grande do Norte, por cientistas do Instituto Santos Dumont (ISD), Organização Social vinculada ao Ministério da Educação. Publicado no periódico internacional Journal of Anatomy, o estudo tem como objetivo descrever a presença de projeções da retina e seus tipos morfológicos no núcleo dorsal da rafe (DRN), estrutura cerebral que, dentre outras funções, está envolvida com os ritmos biológicos.

Utilizando modelos animais similares a seres humanos, o trabalho detectou uma inervação e caracterizou diferentes tipos de fibras, explorando uma combinação de ferramentas neuroanatômicas e imuno-histoquímicas para investigar conexões pouco exploradas em primatas.

Segundo a autora principal do trabalho, Nelyane Santana, pesquisadora de pós-doutorado no ISD, o estudo oferece um novo olhar sobre a organização funcional dos circuitos retinianos não relacionados com a visão, ou seja, que são responsáveis por aspectos fisiológicos do organismo.

“Com esses resultados, esperamos estender a investigação dessa via em outras espécies de primatas não-humanos, caracterizando as células da retina que formam essa projeção, a população neuronal que recebe essa inervação e o aspecto funcional desse circuito”, explica Nelyane.

Doutora e mestre em psicobiologia, a pesquisadora desenvolve, atualmente, parte de seu estágio pós-doutoral na Universidade de Witwatersrand, localizada em Joanesburgo, na África do Sul. Lá, investiga áreas do cérebro a partir de modelos animais nativos do continente, interligando perspectivas intercontinentais ao seu trabalho realizado no Brasil e contribuindo para inovações na pesquisa em neurociências.

Participaram do estudo, além de Nelyane, o mestrando em Neuroengenharia do ISD, Wellydo Escarião, o professor pesquisador da instituição Felipe Fiuza, e os pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Eryck Silva, Expedito Nascimento Júnior, Miriam Costa, Rovena Clara Engelberth e Jeferson Cavalcante. O artigo resultante da pesquisa pode ser acessado livremente no Journal of Anatomy, através do link: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/joa.14218.

Pesquisa básica

O estudo desenvolvido no ISD e recentemente publicado no Journal of Anatomy faz parte de uma categoria científica chamada pesquisa básica, que compreende parte das linhas de pesquisa do Instituto.

Nestas pesquisas, o foco é compreender melhor fenômenos naturais e aperfeiçoar teorias científicas. Por isso, são estudos que não resultam diretamente em aplicações em seres humanos ou no desenvolvimento de tecnologias assistivas, mas fortalecem uma base teórica que pode ser usada por outros pesquisadores e profissionais no desenvolvimento de estratégias e soluções clínicas, que precisam de pesquisas precedentes para a garantia de uma maior qualidade e eficácia no que é oferecido à sociedade.

Instituto Santos Dumont (ISD) – Assessoria de Comunicação

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