sexta-feira, outubro 4, 2024
Rio Grande do Norte

Reabilitação motora assistida por robótica é tema de artigo de pesquisadores do Instituto Santos Dumont em publicação internacional


O desenvolvimento de estratégias que objetivam auxiliar a reabilitação da pessoa com deficiência cresce em todo o mundo. Exemplo disso são as inovações no campo da interface cérebro-máquina, tecnologia que permite a comunicação entre o cérebro e produtos assistivos (como dispositivos eletrônicos e softwares) e tem sido potencializada como uma aliada da neurorreabilitação em estudos da área de neurociências.

Recentemente, pesquisadores do Instituto Santos Dumont (ISD), Organização Social vinculada ao Ministério da Educação, em Macaíba, publicaram um artigo internacional sobre a reabilitação de indivíduos com lesão medular espinal utilizando a interface cérebro-máquina, a partir de estudos clínicos realizados na instituição.

A pesquisa tem como autor principal Cristian Felipe Blanco Diaz, natural da Colômbia, que participou do programa de iniciação científica do ISD em 2023. Engenheiro biomédico pela Universidad Antonio Nariño e mestre em engenharia elétrica pela UFES, o pesquisador trabalhou, durante seu tempo em Macaíba, no desenvolvimento de interfaces baseadas em imagética motora da caminhada, método utilizado no artigo publicado.

O estudo é intitulado “A Gait Imagery-Based Brain-Computer Interface with Visual feedback for Spinal Cord Injury Rehabilitation on Lokomat” (“Uma Interface Cérebro-Computador para a Marcha Baseada em Imagética com Feedback Visual para Reabilitação de Lesão Medular no Lokomat”, em tradução livre) e foi publicado na “IEEE Transactions on Biomedical Engineering”, periódico de destaque na área da engenharia biomédica.

De acordo com os pesquisadores, os resultados da pesquisa trazem duas contribuições principais para a comunidade científica: uma no campo das interfaces cérebro-computador (ICC), e uma no campo neurocientífico.

“No campo das ICC’s, criamos uma nova proposta que fornece instruções visuais ou um feedback visual durante a caminhada passiva e, após três sessões, percebemos a melhora da capacidade na imagética motora de marcha das pessoas com lesão medular usando esse feedback. Em outras palavras, esse sistema permitiria que os indivíduos aprendessem a modular seus ritmos corticais e, com isso, há uma demanda cerebral que pode induzir o participante a lembrar como fazer uma marcha”, explica Cristian Blanco-Diaz.

Já no âmbito neurocientífico, o pesquisador conta que as descobertas preliminares sugerem que há mudanças na atividade cerebral associada aos membros inferiores, algo não relatado anteriormente em outros estudos da área, o que sugere que a ICC desenvolvida pode ter um efeito cortical no paciente.

Além de Cristian, participaram também da pesquisa a neuroengenheira formada pelo ISD, Ericka Raiane da Silva Serafini, com orientação do professor do Instituto, Denis Delisle Rodriguez. Também assinam o estudo André de Azevedo Dantas e Caroline Cunha do Espirito Santo, professores do ISD, e Teodiano Bastos-Filho.

“Diferente de métodos convencionais que focam apenas no treinamento físico, a abordagem com o uso de neurofeedback faz o indivíduo engajar ativamente o cérebro no processo de reabilitação. Esse tipo de estratégia busca, principalmente, trazer recuperações funcionais para pessoas com lesão medular espinal”, explica Ericka Serafini.

A pesquisa foi realizada dentro de um contexto clínico no ISD. O Lokomat, componente central do estudo, é um dispositivo robótico de treino de marcha que trabalha com a suspensão parcial do paciente e com o movimento induzido por um exoesqueleto posicionado nos membros inferiores. Quando aliado a conceitos da robótica e da neuroengenharia, o treino de marcha com o Lokomat torna-se um exemplo dos benefícios da pesquisa interdisciplinar aplicada à prática clínica na reabilitação.

“As tecnologias assistidas por robôs podem ter um efeito positivo na reabilitação das pessoas. Por exemplo, a robótica mostrou que pode ser usada para ajudar as pessoas a recuperarem a capacidade de realizar atividades que foram perdidas após um acidente neuromotor ou uma doença neurológica, e ainda temos mais aplicações a explorar”, considera Cristian.

Instituto Santos Dumont (ISD) – Assessoria de Comunicação

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