sexta-feira, outubro 4, 2024
Saúde

Empatia e tratamento auxiliam na prevenção do suicídio

Foto: Ilustração/Reprodução

Uma epidemia silenciosa. Assim pode ser definido o aumento de casos de suicídios no Brasil e em outros países de média e baixa renda. Psicólogo da Maternidade-Escola Januário Cicco (MEJC-UFRN), da Rede Ebserh, Alan Keuce, reforça a importância da informação, da escuta, da empatia e do tratamento para ajudar as pessoas em sofrimento psíquico. Afinal, o suicídio pode ser prevenido. Esse é o foco da campanha Setembro Amarelo, que tem como lema deste ano: Se precisar, peça ajuda!

O mais recente Boletim Epidemiológico elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, do Ministério da Saúde, revela crescimento de 42% de casos entre 2010 e 2021 no país, dados que incluem crianças e adolescentes.

“Pessoas que estão pensando em tirar a própria vida podem ter desde pensamentos vagos sobre morte a falas mais objetivas sobre como o suicídio seria executado. No primeiro caso, pode haver falas de desesperança, vontade de sumir, dormir e não acordar, ou outras que enfatizam falta de desejo de viver. À medida que a ideia persiste na mente da pessoa, ela pode começar a ser mais específica sobre seus pensamentos”, explica o psicólogo da MEJC, Alan Keuce.

Ele ainda relata que dentro do contexto organizacional, pode haver também outros sinais, como diminuição da produtividade ou comprometimento organizacional; diminuição da atenção nas tarefas e problemas de relacionamento interpessoal.

Redes sociais e telas

O uso das redes sociais também tem um papel importante nesse processo, em especial para a geração Z, os nascidos entre 1995 e 2012. Os transtornos de humor, como depressão e o afetivo bipolar, estão associados ao comportamento suicida em 35,8% dos casos. O transtorno por uso de substâncias psicoativas (dependência de álcool, de crack e outras drogas) em 22,4% dos casos. O quadro de esquizofrenia em 10,6% das situações.

“Há o risco de que a imersão no mundo digital promova uma espécie de dissociação do jovem com o mundo físico. O mundo digital é altamente personalizável, à distância de um clique, enquanto, no mundo físico, muitas coisas são mais complexas e burocráticas, ou simplesmente não são modificáveis. A partir disso, podem surgir problemas como: atrofiamento das habilidades sociais e de resolução de problemas; isolamento; dependência digital; falta de interesse em interagir com o mundo, distúrbios do sono e problemas na saúde física, entre outros”, destaca o profissional.

Tratamento

Todos esses transtornos têm tratamento. Logo, é possível ajudar as pessoas em sofrimento e prevenir o suicídio, a partir de uma maior conscientização, intervenção precoce e estratégias de prevenção eficazes.

De acordo com Alan Keuce, pode-se incentivar a pessoa em sofrimento psíquico a realizar atividades que lhe relembrem a importância de sua vida. “Também é de grande valia a recomendação para procurar um profissional de saúde mental, como psicólogo ou psiquiatra, que são pessoas treinadas para acolhimento de pessoas em sofrimento psicológico e podem auxiliar nos cuidados necessários para a recuperação dessa pessoa em sofrimento”, afirma.

Valorização da vida

Para trabalhar o tema, a MEJC realizou uma programação alusiva à valorização da vida e prevenção ao suicídio. A primeira ação foi a Reunião Científica com a temática Como auxiliar pessoas em demanda emocional. Além disso, foi disponibilizada uma Caixa Mística, que contém predições do futuro com sugestões de boas práticas em saúde. As pessoas podem retirar mensagens e refletir sobre suas ações e comportamentos. Também estão sendo realizadas rodas de conversa itinerantes nas unidades da maternidade, como dinâmica para refletir sobre a importância da vida; e uma amostra de artes, no sentido de valorizar os colaboradores da MEJC em outras dimensões além da atuação profissional.

João Pedrosa de Huol/UFRN

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